O agronegócio brasileiro é uma das forças motrizes da economia, respondendo por 25% do PIB nacional. Diante desse papel estratégico, cresce a importância da governança corporativa para assegurar a longevidade e competitividade das empresas rurais. Um dos principais componentes dessa governança são os conselhos, que têm se mostrado fundamentais para a gestão e sucessão de negócios agropecuários, especialmente aqueles de natureza familiar.
Conselhos: Estrutura e Benefícios no Agro
O agronegócio brasileiro está em constante evolução, exigindo cada vez mais das empresas em termos de gestão, inovação, controles internos, processos, gestão de riscos e responsabilidade socioambiental. Ter um conselho permite que as decisões sejam embasadas em diversas perspectivas, reunindo conhecimentos técnicos, experiência de mercado e a visão de longo prazo necessária para enfrentar as variabilidades do setor.
Além disso, para empresas familiares, os conselhos desempenham um papel crucial na governança, ajudando a definir os rumos futuros do negócio e o incentivo a elaboração de acordos e protocolos que asseguram a harmonia entre os membros familiares e estabelecem bases sólidas para futuras gerações. Outro aspecto importante é o suporte à sucessão.
A pesquisa “Governança no Agronegócio” realizada em 2022, liderada pela KPMG em parceria com o IBGC, aponta que aproximadamente 50% das grandes propriedades rurais brasileiras possuem algum tipo de conselho, seja ele consultivo (15%) ou de administração (35%).
Essa estrutura tem se revelado um diferencial competitivo, permitindo que as empresas rurais desenvolvam estratégias de longo prazo e fortaleçam a governança familiar.
Empresas com conselhos organizados mostram-se mais preparadas para enfrentar desafios como a sucessão familiar, a antecipação às mudanças e inovação, gestão de riscos e a definição de alçadas, papéis e responsabilidades.
Iniciando a Estruturação de um Conselho no Agronegócio
Para dar início a um conselho no agronegócio, é importante considerar alguns passos essenciais que facilitarão sua implementação e garantirão sua eficácia:
- Identifique as Necessidades e Objetivos do Conselho: Entender o propósito e os objetivos do negócio e o que é esperado do Conselho é o primeiro passo. Defina o que a empresa espera alcançar, seja uma maior organização interna, auxílio na tomada de decisões estratégicas, ou orientação para o crescimento e expansão.
- Escolha o Tipo de Conselho: Decida se a sua empresa precisa de um conselho consultivo, que oferece orientações sem poder de decisão, ou um conselho de administração, que participa ativamente das decisões. Empresas familiares geralmente começam com conselhos consultivos, que auxiliam na profissionalização e preparam o terreno para um conselho de administração no futuro.
- Recrute Membros com Competências Complementares: O sucesso do conselho depende da diversidade e da experiência dos seus membros. Inclua profissionais que dominem as especificidades do agronegócio, mas também especialistas em áreas como finanças, marketing e inovação, para que o conselho tenha uma visão abrangente e estratégica. E nunca subestime o valor de um conselheiro independente; essa adição traz uma perspectiva imparcial e gera um impacto positivo incomensurável.
- Defina Papéis e Responsabilidades Claras: Estabeleça papéis distintos para cada membro atuante no negócio, definindo o que cabe ao conselho e o que cabe à gestão operacional. Isso garante que o conselho mantenha o foco estratégico e não se envolva nas operações do dia a dia.
- Estabeleça um Cronograma de Reuniões e Pauta de Discussões: Reuniões periódicas e bem organizadas, com agenda temática contendo todos os temas a serem discutidos durante o ano, são essenciais para manter o conselho alinhado e produtivo. Uma pauta bem definida, abordando temas prioritários como governança, sucessão e inovação, maximiza o tempo e evita que o conselho se perca em detalhes desnecessários.
- Formalize com Regimento Interno e Atas de Reuniões: Estabeleça um regimento interno sólido que defina todas as diretrizes e processos do conselho, criando uma base clara e consistente para seu funcionamento. A documentação rigorosa das atas de cada reunião, registrando todas as discussões e decisões, eleva a transparência e garante a continuidade estratégica. Esses ritos formais são a espinha dorsal de um conselho consultivo comprometido, estruturado e efetivo.
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