O Papel do Conselho na Sucessão e Continuidade dos Negócios Familiares
Empresas familiares representam a espinha dorsal da economia em muitos países, incluindo o Brasil, onde aproximadamente 90% das empresas são familiares. No entanto, 67% dessas empresas encerram suas atividades devido a problemas sucessórios. Esse dado evidencia a importância de levar o importante tema do planejamento sucessório tanto dos cargos-chave, quanto da propriedade fazer parte das agendas das reuniões dos Conselhos.
Por anos, a falta de planejamento sucessório tem empurrado inúmeras empresas para o abismo do ciclo devastador: ‘Pai rico, filho nobre, neto pobre‘. Esse fenômeno deriva da ausência de um processo sucessório estruturado, deixando as futuras gerações despreparadas para assumir o comando. Sem a devida preparação, os herdeiros perdem o interesse ou falham em direcionar a gestão para profissionais qualificados, comprometendo a continuidade do negócio.
Daí a essencialidade dos Conselhos, tanto consultivos quanto de administração, em desafiar empresários e suas famílias sobre a importância crítica de não apenas preparar membros da família para serem sócios responsáveis, mas também para compreenderem a gestão. É vital que reconheçam que o negócio pode prosperar sob a liderança de profissionais de mercado qualificados, adequados a cada fase do empreendimento.
Preparação de Líderes para o Futuro do Negócio
A governança corporativa não deve se limitar apenas à sucessão do líder atual, mas sim garantir a perenidade do negócio por meio da preparação estratégica das futuras gerações. O conselho de administração ou consultivo desempenha um papel fundamental na preservação e no crescimento da empresa familiar, ajudando a mitigar um dos maiores riscos que essas organizações enfrentam: a falta de sucessão bem planejada. Para fortalecer a preparação das futuras lideranças, é fundamental adotar as seguintes práticas:
- Treinamentos e capacitação contínua para herdeiros e sucessores, desde cedo, desenvolvendo suas habilidades de gestão e tomada de decisão.
- Programas de mentoria e coaching, conectando as novas gerações a conselheiros experientes que possam orientá-los sobre os desafios da gestão e da governança.
- Vivência no mercado externo, incentivando os herdeiros a trabalharem em outras empresas antes de ingressarem no negócio familiar, para adquirirem experiência e visão estratégica.
- Criação de um plano de sucessão estruturado, que vá além da liderança executiva e contemple também a estrutura patrimonial e acionária da empresa.
Com um conselho atuante e estratégico, a empresa familiar não apenas sobrevive, mas prospera, garantindo sua relevância e competitividade no mercado ao longo do tempo.
Gestão Patrimonial: O Outro Pilar da Sucessão
A sucessão empresarial não se resume à transição da liderança — a continuidade do patrimônio familiar é tão essencial quanto. O conselho tem a responsabilidade de assegurar que os ativos construídos ao longo de gerações sejam bem geridos, evitando conflitos e protegendo o legado da família.
Para isso, algumas estratégias são fundamentais:
- Criação de um conselho de família, garantindo um espaço estruturado para definir regras sobre patrimônio, investimentos e distribuição de dividendos.
- Adoção de um acordo de sócios, estabelecendo diretrizes claras para entrada e saída de membros da família no capital da empresa, prevenindo disputas futuras.
- Implementação de um Family Office, profissionalizando a gestão dos bens e investimentos, garantindo eficiência e alinhamento com os objetivos familiares.
- Estruturação de holdings, criando um modelo de governança que protege e organiza os ativos, otimizando a sucessão patrimonial.
Ao cuidar da governança patrimonial com a mesma atenção dada à gestão da empresa, o conselho fortalece não apenas a continuidade dos negócios, mas também a solidez e a harmonia familiar ao longo das gerações.
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