O drama da sucessão no Grupo Pão de Açúcar (GPA) teve origem quando Valentim dos Santos Diniz, conhecido como Seu Santos, pai de Abilio, decidiu fazer uma doação a seus filhos ainda em vida. Abilio continuou com 16% da empresa e Alcides e Arnaldo receberam 8% de participação. As filhas Vera, Sonia e Lucilia ganharam 2% cada uma. Como os dois irmãos começaram a trabalhar na companhia, conflitos começaram a surgir, com Seu Santos tentando intermediá-las.
As constantes brigas interferiam nos negócios e no convívio familiar.
Apenas em 1988 que a situação começou a se normalizar. Seu Santos, patriarca, reformulou a estrutura do grupo, se mantendo na presidência, e, em agosto de 1988, Alcides anunciou que venderia sua participação de 8% por 120 milhões de dólares – preço superior a quanto sua fatia valia – e deixaria o grupo.
Mais tarde, Valentim dos Santos Diniz abriu mão do controle da companhia e Sonia, Vera e Arnaldo venderam suas participações.
Contudo, todos esses eventos e acontecimentos geraram uma grande ruptura entre os membros da família Diniz onde a relação entre eles se tornou irremediavelmente abalada.
Questões como essas envolvendo a liderança dos negócios entre familiares são mais comuns do que se imagina.
E nesse importante ponto a Governança Corporativa e Familiar tem um papel fundamental no rumo da continuidade dessas histórias empreendedoras, em geral evitando que sobreposições entre família e empresa coloquem em xeque o valor, a reputação e o patrimônio duramente adquirido ao longo de anos por empreendedores visionários e de sucesso.
Por isso, a importância de bons acordos, de uma comunicação aberta, transparente e fluida, da educação dos herdeiros quanto a importância, geração de valor e continuidade do legado deixado e ainda, sobre a necessidade de preparar bons líderes para assumirem o comando dessas empresas, ainda que não pertençam à família.
Afinal, como sempre mencionamos aqui, “o combinado não sai caro!”.
É claro que não existe uma receita pronta, pois cada caso é um caso, mas em geral, dar atenção a cada membro, ouvi-los e alinhar o papel futuro de cada um no que tange à continuidade do patrimônio e dos negócios é uma boa prática de empresas de sucesso e longevas!
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Data: 04/07/2023
