Nas famílias empresárias, as relações entre amor, patrimônio e poder são intensas — e podem ser tanto fonte de coesão quanto gatilho para disputas. Quando mal geridas, essas tensões ameaçam não só a convivência familiar, mas a continuidade do próprio negócio. É neste contexto que o Protocolo de Família emerge como uma ferramenta essencial de governança, promovendo previsibilidade, segurança e diálogo intergeracional.
O que é o Protocolo de Família?
O Protocolo de Família é mais do que um documento — é um acordo moral entre gerações e um alicerce de governança familiar que formaliza os valores, princípios e acordos construídos entre os membros da família empresária. Ele serve como um manual de convivência e de alinhamento estratégico, estabelecendo as “regras do jogo” que fortalecem a coesão familiar, a perenidade do negócio e o legado compartilhado.
Não se trata de um contrato jurídico no sentido tradicional, mas sim de um compromisso coletivo, resultado de processos estruturados de escuta, reflexão e negociação entre diferentes gerações. Ele representa um pacto de confiança e responsabilidade em prol da perenidade do legado.
“O protocolo representa a vontade das partes, antecipa conflitos, compatibiliza interesses e instrumentaliza a administração da família empresária” – Renato Bernhoeft
Por que sua ausência pode ser um risco estratégico?
A ausência de um Protocolo pode levar a:
- Conflitos sucessórios e disputas patrimoniais
- Falta de critérios claros para entrada, permanência ou saída de familiares em cargos na empresa
- Formas de remuneração dos familiares
- Perda de identidade e enfraquecimento dos valores familiares
- Enfraquecimento da cultura familiar e empresarial, à medida que as novas gerações se distanciam emocionalmente do negócio e perdem o senso de pertencimento ao legado
- Descontinuidade do negócio em transições geracionais
Segundo a KPMG, apenas 30% das empresas familiares sobrevivem à transição da primeira para a segunda geração, e um dos principais fatores é a ausência de mecanismos de governança, como o Protocolo de Família.
O que deve (ou não) constar em um Protocolo de Família?
Pode (e deve) incluir:
- Declaração dos valores, missão e visão da família empresária
- Critérios objetivos para entrada, permanência e saída de familiares na empresa
- Diretrizes para a sucessão da liderança e da propriedade
- Política de remuneração, distribuição de lucros e dividendos
- Posicionamento quanto a casamentos, separações e pactos antenupciais
- Definição do papel de cônjuges, herdeiros e genros/noras
- Criação e funcionamento de órgãos de governança familiar (como conselho de família e comitês)
- Procedimentos para mediação e resolução de conflitos
Evite incluir:
- Regras que contrariem a legislação vigente
- Cláusulas específicas que devem estar dispostas no Acordo de Sócios
- Condições que impeçam a evolução natural do negócio
- Cláusulas inexequíveis ou sem consenso familiar
- Restrições que engessem a gestão profissional
Protocolo: Documento Vivo, Nunca Engessado
Um erro comum é considerar o Protocolo um documento “feito uma vez e pronto”. Na realidade, ele deve ser revisitado periodicamente, pois a família cresce, os negócios mudam, e o mundo se transforma.
A atualização constante permite:
- Ajustar o documento aos novos contextos familiares e empresariais
- Renovar os compromissos assumidos
- Incluir novos membros e gerações
- Fortalecer os vínculos entre sócios e familiares
Cada revisão é uma oportunidade de escuta ativa, reconexão e aprendizado coletivo, reforçando o senso de pertencimento e o compromisso com a longevidade do empreendimento.
Mais do que um documento, um pilar da longevidade
O Protocolo de Família não é um fim em si mesmo. Ele é um meio estratégico de diálogo e alinhamento, com potencial para transformar a dinâmica familiar e garantir que o negócio evolua de forma sustentável.
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